terça-feira, agosto 07, 2007

OLUBAJÉ - ILE AXE KARE ELEYE




OLUBAJÉ
Olubajé é um ritual anual para Obaluaiyê e só é feito em casas de Candomblé, sendo obrigatório em casas onde haja feito um Yawo de Obaluaiyê há menos de sete anos ou o próprio Zelador ou Zeladora seja deste Orixá. Olubajé é uma palavra de origem Iorubana e significa Olú : Aquele Que; Ba : Aceita; Je : Comer.
Olubajé











I

Diz uma lenda que Xangô, um Rei muito vaidoso, deu uma grande festa no seu palácio e convidou todos os Orixás, menos Obaluaiyê, pois as suas características de pobre e de doente assustavam o Deus do trovão. No meio do grande cerimonial todos os outros Orixás começaram a notar a falta do Orixá Rei da Terra e começaram a indagar o porquê da sua ausência, até que um deles descobriu que ele não havia sido convidado. Todos se revoltaram e abandonaram a festa indo à casa de Obaluaiyê pedir desculpas; Obaluaiyê recusava-se a perdoar aquela ofensa até que chegou a um acordo; daria uma vez por ano uma festa em que todos os Orixás seriam reverenciados e este ofereceria comida a todos, desde que Xangô comesse aos seus pés e ele aos pés de Xangô. Nascia assim a cerimônia do olubajé. Porém muitas outras vão a desencontro com essa lenda, pois narram outros motivos o porquê que Xangô e Ogum não se manifestariam no Olubajé.

II
Diz o segundo mito que Obaluaiyê é filho de Nana (a lama primordial de que foram feitas as cabeças - oris- humanas) e Oxalá, tendo nascido cheio de feridas e marcas pelo corpo como sinal do erro cometido por ambos, já que Nana seduziu Oxalá mesmo sabendo que lhe era proibido por ser ele o marido de Iemanjá.
Ao ver o filho feio e mal formado, coberto de varíola, Nanã o abandonou à beira do mar, para que a maré cheia o levasse. Iemanjá o encontrou quase morto e muito mordido pelos peixes, e tendo ficado com muita pena, cuidou dele até que ficasse curado. No entanto Obaluaiyê ficou marcado por cicatrizes em todo o corpo, e eram tão feias que o obrigavam a cobrir-se inteiramente com palhas.
Não se via de Obaluaiyê senão suas pernas e braços, onde não fora tão atingido. Aprendeu com Iemanjá e Oxalá como curar estas graves doenças. Assim cresceu Obaluaiyê, sempre se escondendo das pessoas, taciturno e compenetrado, sempre sério e até mal-humorado.
Um dia, caminhando pelo mundo, sentiu fome e pediu às pessoas de uma aldeia por onde passava que lhe dessem comida e água. Mas as pessoas, assustadas com o homem deformado já coberto desde a cabeça com palhas, expulsaram-no da aldeia e não lhe deram nada.
Obaluaiyê, triste e angustiado saiu do povoado e continuou pelos arredores, observando as pessoas. Durante este tempo os dias esquentaram, o sol queimou as plantações, as mulheres ficaram estéreis, as crianças cheias de varíola, os homens doentes. Acreditando que o desconhecido coberto de palha amaldiçoara o lugar, imploraram seu perdão e pediram que ele novamente pisasse na terra seca.
Ainda com fome e sede, Obaluaiyê atendeu ao pedido dos moradores do lugar e novamente entrou na aldeia, fazendo com que todo o mal acabasse. Então homens o alimentaram e lhe deram de beber, rendendo-lhe muitas homenagens. Foi quando Obaluaiyê disse que jamais negassem alimento e água a quem quer fosse, tivesse a aparência que tivesse. E seguiu seu caminho.
Por isso Obaluaiyê é o dono das doenças. Especialmente das febres, doenças de pele, de lepra e todas as grandes pestes.Obaluaiyê, por ter vencido todas as doenças, passou a ser considerado o médico dos orixás, chamado de ONIXEGUN (médico), por ter o poder da cura e se tornou também o dono da vida e da morte.Dizem que Obaluayê se cobre com IKÔ (palha da costa) para que ninguém veja sua feiúra – outros dizem que é para que ninguém veja sua beleza. Mas é muito mais que isso, ele é o dono do mistério da morte, por isso deve ficar oculto. Mas ele também é o dono do ORIN (sol) e, por isso, dono da vida.




III

- Houve uma festa e todos os Orixás estavam presentes. Menos Omolu que ficara do lado de fora. Ogum pergunta por que o irmão não vem e Nanã responde que é por vergonha de suas feridas causadas pelas doenças. Ogum resolve ajudá-lo e o leva até a floresta onde tece para ele uma roupa de palha que lhe cobre o corpo todo. O filá! Mas ajuda não dá muito certo, pois muitos viram o que Ogum fizera e continuavam a ter nojo receio em dançar com o jovem Orixá, menos Iansã, altiva e corajosa, dança com ele e acerta hora de sua dança, entra pelo salão uma lufada de vento, levantando folhas em um redemoinho nunca visto igual e com eles o vento de Iansã que levanta a palha e para espanto de todos, revela um homem lindo um ser tão lindo que jamais os olhos dos orixás havia visto até então, sem defeito algum, um belo homem, sem nenhuma marca, forte, cheio de energia e virilidade.Todos os Orixás presentes ficam estupefatos com tamanha beleza, principalmente Oxum, que se enche de inveja, mas agora é tarde, Omolu, não quer mais dançar com ninguém.Em recompensa pelo gesto de Iansã, Omolu dá a ela o poder de também reinar sobre os mortos. Mas daquele dia em diante, Omolu declara que dança sozinho doravante!
Nascia assim a cerimônia do Olubajé. Porém, existem diversas outras lendas que narram outros motivos sobre o porquê de Xangô e Ogum não se manifestarem no Olubajé.
Nesse dia todo o terreiro se encontra ornamentado na cor deste Orixá, Obaluaiyê - devo ressaltar que essa é a única cerimônia dentro do Candomblé que dispensa o Ipadé de Exú. Chega a hora e o Babalorixá ou a Yalorixá faz soar o adjá, forma-se uma fila indiana, trazendo panelas de barro ornamentadas com atakan coloridos, todas elas contendo as comidas de todos os Orixás com exceção da comida do Orixá Xangô; à frente estará a Yalorixá ou o Babalorixá seguida por uma filha de Iansã, carregando uma esteira, uma outra com um pote na cabeça contendo a bebida sagrada das cerimônia chamada de Aluá, mais uma com um vasilhame de barro cheia de Ewe Lara (folha de mamona) a qual servirá de prato para as comidas; logo em seguida mais 21 pessoas ou 7 - estes são os números das comidas oferecidas - transportarão vasilhames de barro à cabeça, trazendo-os para o centro da sala, onde serão colocados sobre a esteira, formando assim a mesa do banquete.
É importante dizer que todos, como numa cerimônia de um Obori, inclusive os assistentes, deverão estar descalços.
Em seguida, três dos iniciados mais antigos servem as comidas, colocando um pouco de cada uma das comidas existentes no banquete sobre uma folha de mamona que serve de prato. Todos os presentes na cerimônia devem comer um pouco de cada uma das comidas, utilizando apenas as mãos para comer, e é também obrigatório que todos dancem ao som das músicas e cantigas que vão sendo entoadas em louvor do Orixá.
Todos batem palmas pausadamente – paó – saudando Obaluayê. Com voz forte e cheia de entusiasmo, esta frase melodiosa ecoa:
Omulú Kíí bèrú já__Kòlòbó se a je nboKòlòbó se a je nbo__Kòlòbó se a je nbo__Aráayé.Omulú não teme a briga.Em sua pequena cabaça traz axé e feitiço.
Os iorubás acreditam que este mito nos mostra que o mal existe, que ele pode ser curado, mas principalmente que é preciso ter consciência do momento em que ele terminou, sabendo recomeçar após.
Olubajé
Cada orixá deixará uma característica sua como presente para o povo, pois a união destas forças nos aliviará o sofrimento.
Ogum nos dará a força e a perseverança; Oxossi seu conhecimento da fauna; Ossain seu conhecimento da flora; Oxumaré nos dará o poder da transformação; Oxum nos dará a força do amor e a fertilidade; Iansã a energia; Iemanjá a fraternidade; Nanã a solidariedade; Os Erês a alegria e a espontaneidade e Oxalá, nosso pai trará a fé, a esperança e a caridade, que unidos à sabedoria e ao conhecimento de Obaluayê serão a contribuição dos deuses para encontrarmos os caminhos para a saúde.
O Olubajé culminará com as oferendas para Obaluayê, pois elas são uma forma de reverenciar ao orixá e junto a elas colocarmos os nossos pedidos de proteção.
O Olubajé para nós não é somente uma festa, mas é também uma forma de oração a Obaluayê, a oração de um povo sofrido que procura novas forças e novas esperanças.ATOTÔ !

Vamos ver o Olubajé em uma parte do livro O Banquete do Rei.
OLUBAJE... O banquete do Rei <<< id="BLOGGER_PHOTO_ID_5095962156091402818" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; CURSOR: hand; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="http://4.bp.blogspot.com/_RNcAUa303o4/Rrh-lNapakI/AAAAAAAAAis/fPqU_qZhDxM/s400/ILE+AXE+KARE+ELEYER+OLUBAJE+2005+002.jpg" border="0">Ao lado e a um canto da “mesa” uma grande bacia esta preparada para receber os restos que devem ali ser depositado. As folhas que servem de prato devem ser fechadas, juntamente com os restos de comida não consumidos, e passadas ao longo do corpo, as mãos não devem ser lavadas...Elas serão limpas ao serem esfregadas nos braços, pernas ou cabeça para que o Axé se impregne na pele. Yaloshundê, assegurando-se de que cada um foi servido, dirige-se até um convidado de grande importância de outra comunidade, exortando-o a cantar as preces de Obaluaiyê. È é é ajeniníiyá, ajeniníiyá__Àgò Ajeniníiyá__Máà kà lo, ajeniníiyá, Ajínsùn aráaye, ó ló ìjeniníiyá E wa ká ló__Sápada aráaye, ló Ìjeniníiyá_E wa ká ló_Ìjeniníiyá aráaye A vós punidor, te pedimos licença, não nos leve embora.Ele pode castigar e levar-nos embora, mandar-nos embora de volta para o outro mundo(odos mortos).Pode castigar e levar-nos embora. Todos se ajoelham e um cântico em solo é ouvido de forma melodiosa e respondido pela audiência três vezes. Fora à voz humana, somente o Agogô, marca os intervalos entre cada estrofe. A prece continua... Opeèré má dó péré__Ó bèré ké se __Má dó há, má dó pèré_Ó bèré ké se__Opeèré má dó péré__Má dó há, má dó pèré Operé(Pássaro)não ficará só.Ele começará a gritar.Partilhara sua comida, não ficará só. Somente Operé não ficara só. Ele proclamará a todos.Ele ficará e gritará, e não ficará só. Don hòn há__Don hòn há é à , Empé Don hòn há__Don hòn há é à , Empé Os de Empé usarão barreiras contra feitiços, se tornarão visíveis e dividirão as suas comidas. Opèré má dó péré__Dó sú, màá dó é Dó sú, màá dó , Dó sú, màá dó__Dó sú, màá má n'gbé_Ayò kégbe hún hún __Ayò kégbe hún hún Operé não ficará só, ficará cansado, ficará bem ficará cansado e será ajudado contende gritara, sim , sim Todos batem palmas pausadamente – paó – saudando Obaluaiê.Com voz forte e cheia de entusiasmo, esta frase melodiosa ecoa.Os participantes se levantam e cantam: Omolú Kíí bèrú já__Kòlòbó se a je nbo Kòlòbó se a je nbo__Kòlòbó se a je nbo__Aráayé. Omolu não teme a briga. Em sua pequena cabaça traz axé e feitiço. Acabando os cânticos, é entregue aos braços de Obaluayê o cesto com as folhas de mamonas usadas com o restante de comidas, e retiradas do salão, assim ele levara todas mazelas e doenças dos presentes, se formos capazes de receber esta dádiva, de passar, mas um ano de nossas vidas sem doenças, amenizada por este Orixá. Neste dia de festa, podemos recorrer a nossa espiritualidade e dedicar um ritual a Obaluayê, o orixá da vida e da saúde, pedindo para que nos ajude a encontrar um caminho e que ele seja mais digno e menos tortuoso; para que os profissionais da saúde conquistem a dignidade e as condições de trabalho devidas para cumprir seus ideais e suas missões; que os nossos governantes reconquistem a credibilidade e cumpram com suas responsabilidades de homens públicos e que, juntos possamos buscar a libertação. Em um momento em que a crença do homem no próprio homem está se tornando cada dia mais difícil, é hora de mostrarmos que isto ainda é possível, e a crença no Orixá nos levará à crença no homem e a crer que a saúde no Brasil ainda precisa de força, muita força, união e... Principalmente fé, esperança e dignidade.


A todos um feliz mês de Agosto, e se possível vá a um Olubajé, para receber a benção e não peça nada, somente agradeça. AXE para Todos. http://www.jorgedoxum.kit.net/http://www.orkut.com/Profile.aspx?uid=2502313080295330172
Encomenda de Bonecas de Orixas.http://jorgedoxumkare.gigafoto.com.br/