ÁGUAS D'OXALA

Águas de Oxalá
LENDA
Sendo uma das mas belas Lendas, e nos ensina sobre o modo de se viver no candomblé. Diz o mito que Oxalufan Rei de Ifan sentia muitas saudades de seu filho Xangô Rei de Yoy, e decidiu ir visita-lo. Antes de partir, Oxalufan resolveu consultar com Orunmilá


Por achar um insulto muito grande ter de dar um presente há Exu, Oxalufan decidiu não dar o presente a este. E seguiu sua viagem.
Oxalufan se pôs a caminho e, como fosse velho, ia lentamente apoiado em seu cajado de estanho,

Continuou a andar, com esforço, e foi vítima, pela segunda vez de Exu, desta vez com Exu-Eledu, (Exu-proprietário-do-carvão-de-madeira) Após uma troca de saudações, e Oxalá não lhe responder novamente, Exu pediu a Oxalufan que o ajudasse a colocar o saco de carvão em cabeça. Oxalufan concordou e, porém estando este saco com o fundo rasgado, abriu-se e caiu sobre Oxalá sujando sua roupa branca. Exu riu loucamente e se foi...
Este novamente não reclamou, seguindo novamente as orientações de Oromila. Lavou-se no rio próximo sem reclamar e em silêncio, com o sabão da costa, pôs outra roupa nova e deixou a suja.
Continuou a andar desta vez com mas esforço,e pela terceira vez foi vitima de Exu Aladi, (Exu-proprietário-do-óleo-de-amêndoa-de-palma). Após uma troca de saudações, e novamente não ouviu resposta de Oxalufan, Exu pediu a Oxalufan que o ajudasse a colocar o barril de óleo em sua cabeça. Oxalufan concordou e, durante a operação, Exu novamente derramou de propósito, maliciosamente, o conteúdo do barril e novamente sobre Oxalufan, pondo-se a zombar dele. Este novamente não reclamou, seguindo novamente as orientações do Babalaô. . ,porém desta vez não podiam mais ser trocadas, pois trocara a ultima peça alva que trazia consigo. Sujo e cansado, Oxalufan vai seguindo seu caminho , e na fronteira do reino de OYO, encontra um cavalo que havia fugido, pertencente à Xangô. No momento em que Oxalufan quis amansar o animal, dando-lhe espigas de milho, e tendo a intenção de levá-lo ao seu Senhor, os servidores de Xangô, que estavam à procura do animal, chegaram correndo. Pensando que o homem idoso fosse um ladrão, perguntando o que ele fazia ali, como voto de silencio Oxalufan não lhe respondeu então caíram sobre ele com golpes de cacete, e jogaram-no na prisão. Sete anos de infelicidade se abateram no reino de Xangô. A seca comprometia a colheita,os pastos ficaram áridos , nenhuma ervas nascia em seus campos as epidemias acabavam com os rebanhos,doenças em suas crianças as mulheres ficavam estéreis.Xangô preocupado com a tragédia que ocorria em seu reino, consultou um Babalaô, foi então que ficou sabendo que toda esta desgraça provinha da injusta prisão de um velho homem e que este velho homem estava em sua prisão há sete anos, o tempo que seu reino estava em desgraça. Após seguidas buscas e diversas perguntas, Oxalufan foi levado à sua presença e ele reconheceu seu pai Oxalufan, Xangô, desesperado pelo que havia acontecido, carregou Oxalufan em suas costas,pediu-lhe perdão e deu ordem aos seus súditos para que fossem todos vestidos de branco e guardando silêncio em sinal de respeito, e a buscar água três vezes seguidas a fim de lavar Oxalufan. Este, voltou em seguida à Ifan, passando por Ejigbo para visitar seu filho Oxagiyan, que feliz por rever seu pai, organizou grandes festas com distribuição de comidas a todos os habitantes do lugar".Esta lenda é comemorada todos os anos,, em certos terreiros, particularmente naqueles de origem Ketu, provenientes dos candomblés da Barroquinha. O ciclo dessas festas se estende por várias semanas.
Águas de Oxalá e da humanidade
FATO
Mais do que nunca a humanidade precisa de uma grande festa das águas. Todos os anos, especialistas de 140 países se reúnem na Suécia para a Semana Mundial da Água. A cada ano, estes estudiosos constatam ser mais grave a carência de água no planeta Terra. Neste ano, este encontro ocorreu de 20 a 26 de agosto e reiterou que um terço da população mundial já sofre com a escassez de água potável. Isso é ainda mais grave porque este quadro era previsto somente para 2025 e já está acontecendo em 2006. De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), a cada ano, cerca de 2, 2 milhões de pessoas, muitas delas crianças, morrem em razão da falta d´água e de suas conseqüências.
Esta crise de água, explicável pela má distribuição dos rios e lagos na superfície terrestre, é agravada pelo aquecimento global e pela devastação de áreas úmidas, mas principalmente pelo desperdício e pela má gestão dos recursos hídricos, termo impróprio, já que água não é mercadoria para ser recurso. Água é um bem da natureza que está no planeta há bilhões de anos. É o ambiente onde surgiu a vida e componente de cada ser vivo. Por isso, o supremo valor da água é o biológico. Recurso hídrico é a parcela da água usada pelos seres humanos para alguma atividade,principalmente econômica. Portanto, água é um conceito muito mais amplo que recurso hídrico, embora sejam indissociáveis.
A questão é que o uso da água hoje é muito mais intenso que em algumas décadas atrás. Hoje, a média mundial é que da água doce utilizada, 70% destinam-se para agricultura, 20% para indústria e 10% para o consumo humano. Esse uso intenso da água, principalmente na agricultura e na indústria, ocorre num ritmo mais acelerado que a reposição feita pelo ciclo natural das águas. Dessa forma, muitos mananciais estão sendo eliminados pelo sobre uso que deles se faz. Pior, ao devolver a água para seu ciclo natural, ela vem contaminada pelos agrotóxicos da agricultura e pela química da indústria. A falta de saneamento ambiental, sobretudo em países pobres, colabora para a contaminação dos mananciais. A festa das Águas de Oxalá é realizada em bairros de periferia, nos quais nem sempre o acesso à água é fácil. É uma profecia espiritual que indica ao mundo que a solução para a crise da água não pode ser a mercantilização nem a privatização. Que toda a humanidade se coloque como as filhas e filhos de santo na procissão de Oxalá, carregando cada pessoa o seu recipiente de água para colocar em comum com todos. Água é direito humano universal e só quando é posta em comum pode ser fonte de vida e de bênçãos para todo ser vivo.
A CERIMONIA

Numa sexta-feira, dia da semana que no Brasil é consagrado a Oxalá, os Axés do deus são retirados do seu Peji e levados em procissão até uma pequena cabana, feita de palmas trançadas e simbolizando a viagem de Oxalufan, sua ida a prisão e seu cativeiro.
Na sexta-feira seguinte, ou seja, sete dias após, representando os sete anos de incarceração, tem lugar a cerimônia da "Água de Oxalá", águas para lavar Oxalá. Todos os que participam da cerimônia chegam de véspera, à noite. O maior silêncio é observado a partir da quinta-feira, antes de se iniciarem os preceitos desta cerimónia, das 7 horas da noite até à meia noite, todos os filhos da casa devem fazer um Bori, em muitas casas essa obrigação tem sido substituída por um obi, para poderem carregar as águas. Depois desse Bori ou obi, recolhem-se, até que são acordados, antes do nascer do Sol pela Yalorixá ou pelo Babalorixá para iniciarem o preceito das águas. Os filhos do Axé, vestidos de branco, saem em silêncio do terreiro, em procissão, carregando potes e vasilhas e moringas, Tendo a frente Babalorixá ou a Yalorixá que toca o seu adjá. Todos se dirigem para uma fonte próxima ou para um local onde possam recolher água. Antigamente os participantes, dirigiam-se para uma fonte ou Riacho, que ficava geralmente proximo as casas de santo.


Os participantes vão, antes da aurora, pegar a "Água de Oxalá", todos vestidos de branco e com a cabeça coberta com um pano igualmente branco.
Formam um longo cortejo que vai em silêncio, procedidas por uma das mais antigas mulheres dedicadas a Oxalá, que agita sem parar um pequeno sino de metal branco, chamado Adjá. Fazem três viagens até a fonte sagrada. Algum tempo depois, com as vasilhas cheias de água, aproximam-se de um lugar apropriado, todo cercado de palha, com uma oca indígena, chamado Balué, onde se colocou o assentamento do Orixá Oxalufan. Ali, todos apresentam aquelas águas ao Babalorixá ou à Yalorixá que as derrama por cima do assentamento de Oxalufan.
São feitas três viagens à fonte ou aonde está a água (no caso das casas que não possuem fontes perto), Nas duas primeiras. a água é derramada sobre os Axés de Oxalá. Esta parte do ritual é realizada como lembrança das pessoas do reino de Oyó que foram, em silêncio de vestidas de branco, buscar água para Oxalufan se lavar. Na terceira vez, a água não é derramada, ficando todas as vasilhas cheias depositada arrumadas em volta do Axé de Oxalas no Bulué, sendo colocada uma cortina branca na porta e uma esteira no chão, que corresponde ao nascer do dia,. A proibição de falar é sustada, cânticos acompanhados pelo ritmos dos tambores são entoados, e transes de possessão de produzem entre as filhas de Oxalá como testemunhos da satisfação do deus.

Cada pessoa que chega ajoelha-se sobre aquela esteira em sinal de reverência. Depois dessa cortesia, o Babalorixá ou a yalorixá, juntamente com todos os seus filhos, começa a cantar uma saudação para Oxalá (Oriki):
Babá êpa ôBabá êpa ôArá mi fo adiêÊpa ô Ará mi ko a xekê Axekê koma do dun ôÊpa Babá
Depois de cantada esta saudação, todas as pessoas pertencentes a Oxalá são manifestadas por ele e vão até ao Balué, onde está o assento de Oxalufan. Fazem ali determinadas reverências e cumprimentam todos os presentes, agradecendo o sacrifício daquele dia e rogando a Oduduá para abençoar todos.
No domingo seguinte, tem lugar uma cerimônia, exatamente uma semana depois, realiza-se uma procissão


Algumas casa fazem esta festa em final de setembro outras em janeiro

Hoje em dia uma caminhada pelas ruas de Salvador até Igreja do Senhor do Bonfim, esta grande homenagem é iniciada através de vários rituais iniciados no ano anterior e concretizados no mês de Janeiro através da lavagem das escadas da Igreja em homenagem ao Pai Òrìsà Osàlà. Não se pode esquecer que a lavagem das escadarias é um ritual criado pelo sincretismo religioso forçosamente adotado pelos escravos para ocultar seus deuses dos senhores de engenho e que oxalá nada tem a ver com Jesus Cristo sendo então duas divindades de religiões distintas.
Epaô Baba!
OXALA

É o primeiro orixá criado por Olorum (Deus Supremo). Ele também é conhecido pelos nomes de Orixalá e Obatalá. A missão específica de Oxalá foi criar o mundo. Segundo as lendas, ele é o pai de todos os Orixás. Portanto, está acima de todos na hierarquia divina.
Pesquisadores associam Oxalá ao elemento ar. Isso se deve ao fato de ele representar o céu – o princípio de tudo. Segundo a lenda, o céu, ao tocar o mar, teria criado os demais orixás que receberam a incumbência de cuida de todos os seres do planeta. No entanto, outra fonte diz que Oxalá foi casado com Yemanjá, e essa união deu origem aos orixás. Assim como outras crenças dizem que Oxalá teve filhos orixás com Nana Buruku – Iroko, Oxumarê e Obaluaiê (Conhecido como Omulu).
Oxalá é representado pela cor branca, que também é associada a tudo o que se refere a Umbanda. Para Oxalá, o branco significa a serenidade, a calma, o silêncio, indicando que ele não gosta de violência, disputas ou barulho, assim como não gosta de cores fortes. Oxalá é homenageado por todos os praticantes e cultuado como a figura do pai, demonstrando sabedoria a autoridade, mas também é sensível e tem a capacidade de demonstrar sua força, poder e conhecimentos sem usar de violência – através da argumentação.

CONHECENDO MAIS OXALA
Oxalá ou Obatala, o Orixá, o Rei da Roupa Branca ou, ainda, o Grande Orixá é o mais importante dos deuses Yorubá. Foi o rimeiro a ser criado por Olodumaré, o Deus Supremo, que lhe conferiu o poder de sugerir, Axé, e de realizar, Axé, razão pela qual é saudado com o título de Alabalaxé.Oxalá tinha um caráter bastante obstinado e independente, o que lhe causaria inúmeros problemas. Foi o encarregado, por Olodumaré, de criar o mundo e o Deus Supremo entregou-lhe, antes da partida, o saco da criação. O poder que Oxalá havia recebido não o dispensava de respeitar certas regras e de se submeter a diversas obrigações. Em razão do seu caráter altivo, ele recusou-se a fazer alguns sacrifícios e oferendas a Exu, antes de iniciar sua viagem para ir criar o mundo. Oxalá se pôs a caminho apoiado numa grande bengala de estanho, seu Opa Oxorô ou Paxorô, o bastão para fazer as cerimônias... mas isso já é uma outra História!

Homenagem a minha Mãe de Santo Elaine D'Oxala
0 Comments:
Postar um comentário
<< Home