quinta-feira, maio 31, 2007

HERÓIS DE NOSSA GENTE



Em OUTROS HERÓIS DE NOSSA GENTE uma das professoras de História trabalha com seus alunos, tendo como ponto de partida o vídeo "Heróis de Todo o Mundo", a pesquisa da biografia de outros personagens importantes no contexto da história da afro-descendência no Brasil.
Tendo como gancho a biografia de personagens tais como: Castro Alves, Xica da Silva, Cartola, Dona Ivone Lara, Martinho da Vila, Benedita da Silva, Milton Nascimento, João do Pulo, Pelé, MV Bill, Alcione e outros; os alunos produzem, em discurso indireto, um texto onde contam fatos curiosos e marcantes da vida dessas pessoas que contribuíram para a história e aidentidade cultural do nosso país.

O QUE É QUE A BAIANA TEM


A ÁFRICA DIZ O QUE É QUE A BAIANA TEM
Na Bahia de Todos Os Deuses, com seus trajes pomposos, turbantes (torços), panos da costa, batas (blusa comprida e solta), saias rodadas (brancas ou de estamparia colorida) com muitas anáguas rendadas e engomadas, pulseiras e colares na cor do seu orixá, as negras de ganho criaram um tipo físico que se tornou tradicional. O traje que costumamos chamar de baiano reflete a influência da cultura africana no Brasil aliado ao rebolado e a ginga do corpo. O turbante e os balangandãs indicam elementos da cultura islâmica predominante no Norte da África (Sudão).
As pencas de balangandãs integraram as roupas tradicionais das negras mucamas dos séculos XVIII e XIX. Balangandã é o ornamento de contas coloridas ou amuleto, em forma de figa, fruta, medalha, moeda, chave ou dente de animal; pendente de argola, broche, brincos ou pulseira de prata, usado pelas baianas em dias festivos. Figas, dentes e guias são usados como amuletos para proteção, louvação ou combater o mau-olhado. A figa, particularmente, é um amuleto em forma de mão fechada, com o polegar entre o indicador e o dedo grande, usado como ornamento pessoal, da casa ou estabelecimento comercial.
Na África, o pano da costa era apenas um complemento da vestimenta das mulheres negras, e não tinha conotações religiosas. A partir do século XIX, no Brasil, é que começou a ter ligação com as celebrações do Candomblé. Na África, é denominado alaká ou pano de alaká. No Brasil, ficou conhecido como pano da costa porque vinha da Costa do Marfim (África) e também por ser usado nas costas. Os primeiros panos da costa vieram no corpo das escravas, que não tinham roupa e eram vendidas enroladas no pano. Depois, os panos foram tecidos aqui mesmo por escravos ou por seus descendentes, em teares manuais e rústicos vindos para o Brasil no século XVIII. Tecido em tear manual, o pano da costa é formado por tiras de dois metros de comprimento cada uma, com largura variando entre 10 a 15 centímetros. As tiras são depois costuradas uma a uma. Branco não é a cor predominante no pano da costa que, geralmente, é listrado ou bordado em alto-relevo e colorido com padronagens variadas dependendo do orixá de cada nação. Os filhos de santo usam o alaká enrolado no tronco. As mães escravas traziam durante as horas de trabalho seus bebês escanchados (com as pernas em volta da cintura) às costas e presos por um alaká.
As “baianas” atuais descendentes de africanos (das tribos ioruba, nagô, mina, fula, haussá) são as que mais se esmeram no trajar.
As nagô, cuja presença maior se nota nos candomblés, são baixas e gordas. Usam cores vivas, berrantes. Saia ampla toda estampada.
A baiana-mulçumana (do Sudão da África), alta e esguia, usa o traje branco imaculado. Às vezes, no ombro um “pano da Costa” rústico.
E, hoje, como traje e figura típica da Bahia, tão cantada por Dorival Caymmi, podemos ver a baiana pregoeira com seus coloridos tabuleiros de comidas típicas e doces, nas ruas, ladeiras e praias de Salvador, ou em ritos de Candomblé e Umbanda e festas religiosas, como a Lavagem do Bonfim.
Em Salvador, no dia 25 de novembro, quando se comemora o Dia da Baiana, é celebrada uma missa na Igeja de N. Sra. do Rosário dos Pretos e manifestações culturais como: Samba de Roda, Capoeira, Olodum e Afoxé, no Memorial das Baianas.
A baiana é uma figura que traz consigo os elos da herança ancestral africana - a oralidade, a culinária, a crença, o misticismo, a dança, a ginga e, sobretudo, a cor. É preciso ter sangue ancestral pra saber o que é que a baiana tem.
Por Prof. Nilton

CANDOMBLÉS

Candomblés.
Os negros têm, sociedades religiosas especiais, a que chamamos de Candomblés. O termo, de evidente origem africana, significa, primitivamente, apenas as festas anuais das religiões dos negros, que se realizam em certas épocas do ano, em geral durante um período de três a quatro meses, a começar de Agosto. Hoje, porém, esse termo tem um sentido maior, sendo, não só a casa dedicadas as festa, mas também o conjunto da religião.
Esses Candomblés vieram, na maioria, da África, mas exatamente da Costa dos Escravos, da zona habitada pelos povos Yôrubas e Ewês . O tráfico negreiros para o Brasil concentrou no porto da Bahia a quase totalidade de Negros desses povos, às vezes mesclados a representantes de outro povos da mesma região, tshis, gás, mandês, haúças. Só, mas tarde, devido às limitações internacionais opostas ao tráfico, os negros do sul da África chegaram ao Brasil, entre os quais negros de Angola, do Congo, de Moçambique e do Quelimane. Daí a presença dos Deuses da mitologia yorubá, e ewê em todos os candomblés, mesmo naqueles que já se afastam quase inteiramente do padrão yorubá, como os candomblés chamados “de caboclos”. Apesar de proclamada “desmoralização” dos candomblés, ainda hoje se podem distinguir os candomblés das varias “nações”, pelo fato de que eles conservam, a despeito da ausência de contatos anteriores com a África, certos traços de cultura, particularidades de dança, música de canto, de organização de festas, que os identificam com a religião de origem.

Os candomblés são Igrejas independentes entre si, dirigidas por sacerdotes chamados de pais e mães-de-santo, que em si mesmos resumem toda a autoridade espiritual.
Parece, porém, que antigamente o candomblé foi um ofício de mulheres. A necessidade de cozinhar as comidas sagradas, de velar pelos altares, de enfeitar a casa por ocasião das festas, de dirigir a educação religiosa de mulheres e crianças, parece indicar a preferência da mulher para o ofício de sacerdotisa-chefe das religiões africanas. A preponderância da mulher na história dos candomblés vem desde o começo, com a fundação-mas ou menos – 1830 – Engenho Velho por três mulheres, das quais se conhece apenas o nome africano: ADETÁ, IYÁ KALÁ, IYÁ NASSO. Este candomblé foi o primeiro a funcionar regularmente na Bahia, tendo dado nascimento, de uma maneira ou de outra, aos demais que por suas vez se fracionaram ao infinito. Deste candomblé se separou o do Gantois, famoso centro de pesquisa de Nina Rodrigues, ao tempo da grande mãe Pulquéria. Outros nomes de mães ilustraram a história dos candomblés: Marcelina, Maria Júlia Conceição Figueiredo (chamada pelos negros, reverentemente, Iyalodê Erelú), Sussu, Alexesse, Aninha, Maria do Calabetão, em diferentes épocas. Contra tantos nomes de mulheres, sabe –se apenas da existência de alguns pais, como Bamboxê, Ti’Joaquim e poucos, mas. O mesmo fato se repete para os candomblés “de caboclo”: suas mulheres, Naninha e Silvana, os iniciaram. Já nos grandes candomblés Congo verifica-se uma exceção: um homem, Gregório Maquende, lhe emprestou todo o prestígio de que gozava e outro homem, Bernardino, continua a dar-lhes prestígios. Mesmo hoje, os nomes de mulheres são mais importantes do que os dos homens: Tia Massi, Maninha, Dionísia, Emiliana, Maria Badá, Flaviana, Maria Neném. Apesar desta importância da mulher na direção dos candomblés (Bahia), há hoje um desequilíbrio, atualmente sendo mais pais-de-santo que mães –de-santo.
Entretanto, um exame, mas profundo (não vai aqui nenhuma critica), revela se que os alguns pais de santo assimilam o ideal de “mãe” tomando atitudes femininas, caindo no bate-boca e fazendo fofocas e intrigas, típico de mulheres das classes inferiores, sendo, sendo verdade também que, mesmo os candomblés dirigidos por pais, às mulheres têm importante papel, especialmente como substitutas imediatas dos pais (mães-pequenas). Por outro lado, a critica sempre se referem mais venenosamente os pais do que as mães, considerando-os insinceros, mal-feitores e desonestos.

A CULTURA DOS VODUNS


A CULTURA DOS VODUNS
A palavra vodum é de origem Ewe/Fon (Jeje) e significa força divina, espírito, força espiritual. É usada pelo povo do oeste da África para designar os deuses e ancestrais divinizados.
No século XVIII o rei Agajá de Dahomé consolidou as crenças de vários clãs e aldeias, formando uma “sociedade espiritual dos Voduns”onde pessoas especiais eram preparadas para ler oráculos e fazer fórmulas mágicas usando elementos da flora, da fauna e do reino mineral.
Quando foi estabelecido o grande reino de Dahomé, lá não existia o culto de Voduns. Nessa época, o atual rei sentia a necessidade de uma assistência espiritual que o ajudasse a combater os problemas que atormentavam o seu reino e o seu povo. Solicitou, portanto, a presença de um bokono (adivinho) e pediu que esse consultasse os oráculos.
A conselho dos oráculos mandou vir de diversas regiões os Voduns e construiu seus templos. Com isso Dahomé passou a sitiar diversos clãs e aldeias de Voduns. Anos mais tarde, o rei Agajá fez a consolidação, como já foi dito.
No período do tráfico negreiro, muitos daomeanos foram levados para o Novo Mundo e com eles a cultura e o rito dos Voduns.
Os Voduns cultuados no Brasil são originários da África, sua práticas e tradições se mantiveram intactas como era no Dahomé (hojel Benin) desde o começo dos tempos.
Com a escravidão, a nação Jeje sofreu baixa quanto a preservação de sua cultura. Os mais antigos preferiram levar para o túmulo seus conhecimentos a passá-los aos que poderiam perpetuar os Voduns no Brasil.
Dos filhos de Jeje que ficaram perdidos, sem conhecimento sobre Voduns, uns mudaram de nação e outros resolveram investigar, buscar, pesquisar suas origens, identidade e levantar a bandeira da nação.
Hoje, graças a essas pessoas, a nação Jeje voltou a crescer e a seguir a cultura que foi deixada pelos escravos. Hoje, encontramos kwes e pessoas que realmente sabem o Culto dos Voduns, esses aprenderam a passar seus conhecimentos e não deixar que sua cultura se perca.
E uma coisa que se deve aprender é a diferença entre Voduns e Orixás - Vodum é Vodum, Orixá é Orixá; Oya não é Vodum Jô. Aziri não é Oxum, Naetê não é Yemanja, etc.
Assim como na África, também no Brasil, os Orixás são cultuados dentro dos templos de Vodum, mas isso não os transforma em Voduns, eles são considerados deuses estrangeiros e são tão respeitados e venerados quanto os Voduns. Não existe discriminação nenhuma em relação aos dois tipos de divindades (Voduns/Orixás). Em templos de Orixás, também encontramos Voduns feitos, a única diferença é que no Jeje, não mudamos os nomes dos Orixás onde Oya, Yansã são conhecida exatamente como Oya, Yansã. Já os Voduns em templos de Orixás mudam de nome, por exemplo, Vodum Dan/Bessen recebe o nome de Oxumarê, Sakpata recebe o nome de Obaluaê, etc. Esse diferença também é registrada na Nigéria, então, não é “coisa de brasileiro”.
Os Voduns são agrupados por famílias; Savaluno, Dambirá, Davice, Hevioso; que se subdividem em linhagens.
A sociedade daomeana é patrilinear e polígena, isto é, dá-se por linha paterna; o homem é casado com diversas mulheres. A sociedade organiza-se em sibs, grupos de irmãos que têm a mesma mãe e o mesmo pai, sem base territorial própria e subdividem-se em famílias.
No Brasil, as casas de santo cultuam todas as famílias, porém, os Voduns são interligados entre si com comportamentos, costumes, gostos e atitudes sempre gerados pelo ancestre ou chefe de da casa.
O Brasil herdou vastos panteões de divindades que ficaram regionalizados de maneira que somente alguns Voduns tiveram domínio nacional.

SONHO DE KARINA

SONHO DE KARINA
Prof. João Beauclair
Desde pequena, Karina só tinha conhecido uma paixão: dançar e ser uma das principais bailarinas do Ballet Bolshoi. Tudo o mais era sacrificado pelo objetivo de um dia tornar-se bailarina. Seus pais haviam desistido de lhe exigir empenho em qualquer outra atividade. Os rapazes já haviam se resignado: o coração de Karina tinha lugar somente para o ballet. Um dia, Karina teve sua grande chance: conseguiu uma audiência com o diretor master do Bolshoi, que estava selecionando aspirantes para a companhia. Nesse dia, Karina dançou como se fosse seu último dia na terra. Colocou tudo o que sentia e que aprendera em cada movimento, como se uma vida inteira pudesse ser contada em um único passo. Ao final, aproximou-se do renomado diretor e perguntou-lhe: "Então, o senhor acha que posso me tornar uma grande bailarina?" Na longa viagem de volta à sua aldeia, Karina, em meio às lágrimas, imaginou que nunca mais aquele "não" deixaria de soar em sua mente. Meses se passaram até que pudesse novamente calçar uma sapatilha ou fazer seu alongamento em frente ao espelho. Dez anos mais tarde, Karina, já uma estimada professora de ballet, criou coragem de ir à performance anual do Bolshoi em sua região. Sentou-se bem à frente e notou que o senhor Davidovitch ainda era o diretor master. Após o concerto, aproximou-se dele e contou-lhe o quanto ela queria ter sido bailarina do Bolshoi e quanto lhe doera, anos atrás, ter ouvido dele que ela não seria capaz disso. "Mas, minha filha... – disse o diretor – eu digo isso a todas as aspirantes." Com o coração ainda aos saltos, Karina não pôde conter a revolta e a surpresa dizendo: "Como o senhor poderia cometer uma injustiça dessas? Eu poderia ter sido uma grande bailarina se não fosse o descaso com que o senhor me avaliou!" Havia solidariedade e compreensão na voz do diretor, mas ele não hesitou ao responder: "Perdoe-me, minha filha, mas você nunca poderia ter sido grande o suficiente, se foi capaz de abandonar o seu sonho pela opinião de outra pessoa." .......................... Quando estabelecemos metas específicas é muito maior a nossa chance de conquistarmos nossos sonhos. Dedicação e empenho também são requisitos indispensáveis nessa dura jornada. No entanto, mais importante do que tudo é acreditarmos efetivamente na própria capacidade de atingirmos os objetivos propostos. Muitos serão aqueles que, pelas mais variadas razões, colocarão obstáculos em nossa caminhada. Alguns dirão que nosso sonho é uma grande bobagem. Ou, ainda, que se trata de muito esforço à toa. Outros falarão que não somos capazes de alcançá-los e que deveríamos optar por objetivos mais fáceis. E assim, muitos desistem da luta, por medo, por preguiça ou porque acreditaram nas previsões negativas dos outros. Porém, nossos sonhos continuarão lá, dentro de nossos corações e diante de nossos olhares. Mesmo que deixemos de nos esforçar para ir ao encontro deles, eles permanecerão fazendo parte de nós, como uma tarefa não cumprida. Projetos nobres e ideais justos não devem ser abandonados nunca. Convictos de sua importância perante a vida, esforcemo-nos para alcançá-los, não importando quantas tentativas sejam necessárias para isso.