segunda-feira, setembro 24, 2007

Por que ainda não vi "Tropa de elite"?


Por que ainda não vi “Tropa de elite”É o filme do ano – ninguém duvida. Não estreou ainda, é verdade. Mas é o filme do ano. Pelos motivos errados. Quer dizer, “Tropa de elite” vai ser o filme do ano pelos motivos certos, mas por enquanto ele é o filme do ano pelos motivos errados. Você sabe do que eu estou falando – provavelmente até já assistiu ao filme que ainda nem estreou. E, se o fez, foi numa versão pirata. Pode ser que você tenha pago R$ 5,00 por ela num camelô, ou simplesmente tenha visto um DVD emprestado de alguém que tenha pago os R$ 5,00 por ela. Ou pode ser ainda que você trabalhe (ou conheça alguém que trabalhe) em um quartel – e aí, quase com certeza, você não pagou nem os R$ 5,00 reais por ela, mas teve o prazer de assistir a uma cópia “confiscada”.Eu não pertenço a nenhum desses grupos. Aliás, eu pertenço a um grupo ainda mais “destransado”: aquele que “boiou” enquanto a polêmica das cópias piratas de “Tropa de elite” estava rolando forte, e só agora resolveu falar do assunto – caindo assim na minha própria armadilha, comentando alguma coisa muito depois de ela já ter passado pelo ponto de saturação de uma certa “Curva das Expectativas Flutuantes” (meu colega de blog, Bruno Medina, vai notar, em especial, essa ironia). Claro que seria fácil eu pertencer ao grupo dos que já assistiram ao filme: era só passar a “adquirir” uma cópias dessas (só neste fim de semana, topei com três barracas que a vendiam – e estou falando de zona sul do Rio de Janeiro...). Mas eu não quero pertencer a esse grupo.Minha defesa, pode ficar tranqüilo ou tranqüila, não vai ser na linha nostálgica, tipo “não existe melhor lugar no mundo para assistir a um filme do que o cinema”... Também não vou apelar para o discurso, cada vez menos útil, sobre os malefícios da pirataria. Tentando ser ligeiramente original na minha explicação não quero ver essa versão de “Tropa de elite” simplesmente porque não é essa versão que o José Padilha quer que eu veja.O diretor, não é, claro, meu amigo pessoal. Mas eu tenho certeza de que essa não é a versão que ele quer que eu veja – por mais que essa versão seja próxima à que vai ser apresentada no lançamento oficial dentro de alguns dias. Insisto que meu argumento não é o velho ramerrão – que, dependendo de quem o enuncia, ainda soa hipócrita – de que vivemos o prenúncio do fim da criação artística. Não vale nem a pena recontar aqui a epopéia da distribuição de música pela internet nos últimos dez anos, nem mesmo passar rápida pela aborrecida questão da crise das gravadoras.Como todo bom fã de música sabe, elas (todas) passaram anos explorando artistas e consumidores; tiveram pelo menos duas décadas de extremas prosperidade cobrando preços abusivos por CDs que abarrotavam seus catálogos; e resistiram o que puderam às novas tecnologias, talvez achando que “essa coisa de internet, de dividir arquivos (file sharing)” seria só algo passageiro ou, na pior das hipóteses, algo que eles podiam controlar prendendo pré-adolescentes que trocavam suas coleções de música pela internet. Apesar de respeitar (e muito) todas as pessoas que trabalham em gravadoras (resumindo a defesa delas a uma frase, eu diria que o rock e o pop não seriam essa força cultural no último século se as gravadoras não existissem como tal), não tenho um pingo de dó da miopia com que elas encararam essa – para usar um termo mais... acadêmico – “mudança de paradigma”. Isso não é, claro, um elogio à subversão – o que jamais poderia vir de mim que, como você que me acompanha aqui há quase um ano já se acostumou a ler, faço parte daquela espécie em extinção: aquela que ainda gosta de ter, tocar, colecionar, e, portanto, comprar CDs.Enfim, não tenho dó, porque, ironicamente, foram os próprios artistas que, ou cansados de um esquema que nunca os favoreceu, ou simplesmente olhando mais para frente e pensando de maneira mais inteligente sobre alternativas para o futuro da música, driblaram o assunto: aposto que você encontra, oficialmente, a música de seu artista favorito aqui mesmo na internet, sem muitos obstáculo (e sem cometer nenhum crime). Isto é, se o seu artista, ou sua banda favorita, for relativamente... jovem. Digamos, de Beck, ou dos Beastie Boys para menos – para citar apenas dois “veteranos” que souberam se reinventar nessa era digital. Caso contrário, se eles estão mais para o título de “dinossauro do rock”, a estratégia deles é inventar uma turnê tipo “revival”, como a que o Police anunciou recentemente, sob a aprovação imediata de milhões de fãs que correram para comprar ingressos (para o melhor comentário sobre essa “tendência”, afine seu inglês e clique aqui).Portanto, essa choradeira repetitiva não cola comigo: uma vez que os próprios artistas estão disponibilizando seu material, não vejo porque os fãs não podem aproveitar. No caso de “Tropa de elite”, porém, a situação é outra. Por tudo que li, a versão do filme que está rolando por aí não é o trabalho final de José Padilha. E minha tendência é respeitar a visão autoral de um artista que produziu algo tão forte e genial como “Ônibus 174”. Não viu? Ah... é documentário, né? Você deve achar chato... Que pena, pois você deixou de assistir a um dos melhores trabalhos do cinema brasileiro dos últimos... sei lá quantos anos! Não quero gastar muitas linhas com isso agora (apesar de reafirmar que, se você gosta de filmes, você tem obrigação de ver “Ônibus 174”), mas vou só dizer que, se você acha que não precisa revisitar esse triste episódio do cotidiano brasileiro, simplesmente porque se lembra bem do que aconteceu naquele fim de tarde tensa de 2000 no bairro carioca do Jardim Botânico, você nem sonha como é possível transformar, ou melhor, ampliar e interpretar uma realidade através de uma obra de arte.Tenho certeza de que, com “Tropa de elite”, o diretor oferece mais um trabalho genial. Não assisti, mas colho cá e lá várias impressões de pessoas que viram (e cujo julgamento eu confio). E tento separá-las claro, de todas as implicações “sociais” que um filme sobre o Bope (especialmente do bizarro frisson que ela vem causando em turmas de “mocinhos” e também na de “bandidos” – preciso explicar as aspas?). No balanço, tudo só faz crescer meu palpite de que esse é um filmaço. E o trailer oficial do filme, que você pode conferir logo abaixo, só aumenta essa expectativa. Só que essa expectativa pode ser perfeitamente administrada por alguns dias até que eu assista, finalmente, à versão oficial que será lançada nos cinemas, assinada pelo próprio diretor. Provavelmente não vou estar aqui quando isso acontecer, pois estou de saída para uma viagem especial (que, sim, como você já adivinhou, vai ser mais uma oportunidade para eu mandar um post na linha “onde eu estou?”) nas próximas semanas. Antes disso, outros assuntos, claro, vão passar por aqui: segunda que vem, prometo um bom balanço do primeiro aniversário deste blog; e antes disso você ainda vai saber, na próxima quinta-feira, o que significam palavras como “farik”, “kökochöka”, “kopuhia” e “menetah” – não vale mandar um google nelas agora...Mas, quando der – quem sabe quando eu voltar da viagem – vou querer usar este mesmo espaço para comprovar que “Tropa de elite” é o filme do ano. E pelos motivos certos.

ÁGUAS D'OXALA



Águas de Oxalá



LENDA
Sendo uma das mas belas Lendas, e nos ensina sobre o modo de se viver no candomblé. Diz o mito que Oxalufan Rei de Ifan sentia muitas saudades de seu filho Xangô Rei de Yoy, e decidiu ir visita-lo. Antes de partir, Oxalufan resolveu consultar com Orunmilá
(o Deus adivinho, amigo de Obatalá) p ara saber se a longa viagem lhe seria propícia. Este jogou seu jogo cauris e lhe disse que durante sua viagem ele seria vítima de um desastre, não devendo, portanto, realiza-la. Oxalufan como tinha um caráter obstinado e teimoso persistiu em seu projeto. Oromilar então jogou novamente seus cauris e vendo que sua viagem seria penosa, que devia de sofrer numerosos revezes e que, se não quisesse perder a vida, não devia nunca recusar os serviços que, por acaso, lhe fossem pedidos, nem reclamar das conseqüências que disso resultasse e ficar em silencio absoluto. Deveria, também, oferecer um presente para exu e levar três roupas complemente alvas para trocar e sabão da costa.
Por achar um insulto muito grande ter de dar um presente há Exu, Oxalufan decidiu não dar o presente a este. E seguiu sua viagem.
Oxalufan se pôs a caminho e, como fosse velho, ia lentamente apoiado em seu cajado de estanho, já sujo e cansado, decidiu banhar-se num riacho próximo e mudar sua muda de roupa encontro um riacho e se banhou e deixou suas roupas sujas, logo depois encontrou com Exu Elopo Pupa (Exu-dono-do-azeite-de-dendê), sentado à beira da estrada,disfarçado de mendigo. Exu comprimento Oxalufan, este não lhe respondendo ( devido as remendações de Oromila sobre o silencio),achando um desaforo Oxaufan não responder, Exu então pediu a ajuda deste para levantar um pesado tacho de azeite de dendê, que encontrava no chão e colocar em sua cabeça.Sem poder responder nada e sendo piedoso e tendo boa vontade em ajudar, Oxalá levantou o tacho de azeite dendê e Exu o derramou de propósito, maliciosamente o conteúdo (dendê) do tacho sobre suas roupas, pondo-se a zombar dele. Este não reclamou, seguindo as recomendações de Oromila. Lavou-se no rio próximo, com o sabão da costa o qual havia trago, pôs uma roupa nova e deixou a velha como presente.
Continuou a andar, com esforço, e foi vítima, pela segunda vez de Exu, desta vez com Exu-Eledu, (Exu-proprietário-do-carvão-de-madeira) Após uma troca de saudações, e Oxalá não lhe responder novamente, Exu pediu a Oxalufan que o ajudasse a colocar o saco de carvão em cabeça. Oxalufan concordou e, porém estando este saco com o fundo rasgado, abriu-se e caiu sobre Oxalá sujando sua roupa branca. Exu riu loucamente e se foi...
Este novamente não reclamou, seguindo novamente as orientações de Oromila. Lavou-se no rio próximo sem reclamar e em silêncio, com o sabão da costa, pôs outra roupa nova e deixou a suja.
Continuou a andar desta vez com mas esforço,e pela terceira vez foi vitima de Exu Aladi, (Exu-proprietário-do-óleo-de-amêndoa-de-palma). Após uma troca de saudações, e novamente não ouviu resposta de Oxalufan, Exu pediu a Oxalufan que o ajudasse a colocar o barril de óleo em sua cabeça. Oxalufan concordou e, durante a operação, Exu novamente derramou de propósito, maliciosamente, o conteúdo do barril e novamente sobre Oxalufan, pondo-se a zombar dele. Este novamente não reclamou, seguindo novamente as orientações do Babalaô. . ,porém desta vez não podiam mais ser trocadas, pois trocara a ultima peça alva que trazia consigo. Sujo e cansado, Oxalufan vai seguindo seu caminho , e na fronteira do reino de OYO, encontra um cavalo que havia fugido, pertencente à Xangô. No momento em que Oxalufan quis amansar o animal, dando-lhe espigas de milho, e tendo a intenção de levá-lo ao seu Senhor, os servidores de Xangô, que estavam à procura do animal, chegaram correndo. Pensando que o homem idoso fosse um ladrão, perguntando o que ele fazia ali, como voto de silencio Oxalufan não lhe respondeu então caíram sobre ele com golpes de cacete, e jogaram-no na prisão. Sete anos de infelicidade se abateram no reino de Xangô. A seca comprometia a colheita,os pastos ficaram áridos , nenhuma ervas nascia em seus campos as epidemias acabavam com os rebanhos,doenças em suas crianças as mulheres ficavam estéreis.Xangô preocupado com a tragédia que ocorria em seu reino, consultou um Babalaô, foi então que ficou sabendo que toda esta desgraça provinha da injusta prisão de um velho homem e que este velho homem estava em sua prisão há sete anos, o tempo que seu reino estava em desgraça. Após seguidas buscas e diversas perguntas, Oxalufan foi levado à sua presença e ele reconheceu seu pai Oxalufan, Xangô, desesperado pelo que havia acontecido, carregou Oxalufan em suas costas,pediu-lhe perdão e deu ordem aos seus súditos para que fossem todos vestidos de branco e guardando silêncio em sinal de respeito, e a buscar água três vezes seguidas a fim de lavar Oxalufan. Este, voltou em seguida à Ifan, passando por Ejigbo para visitar seu filho Oxagiyan, que feliz por rever seu pai, organizou grandes festas com distribuição de comidas a todos os habitantes do lugar".Esta lenda é comemorada todos os anos,, em certos terreiros, particularmente naqueles de origem Ketu, provenientes dos candomblés da Barroquinha. O ciclo dessas festas se estende por várias semanas.


Águas de Oxalá e da humanidade
FATO
Mais do que nunca a humanidade precisa de uma grande festa das águas. Todos os anos, especialistas de 140 países se reúnem na Suécia para a Semana Mundial da Água. A cada ano, estes estudiosos constatam ser mais grave a carência de água no planeta Terra. Neste ano, este encontro ocorreu de 20 a 26 de agosto e reiterou que um terço da população mundial já sofre com a escassez de água potável. Isso é ainda mais grave porque este quadro era previsto somente para 2025 e já está acontecendo em 2006. De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), a cada ano, cerca de 2, 2 milhões de pessoas, muitas delas crianças, morrem em razão da falta d´água e de suas conseqüências.
Esta crise de água, explicável pela má distribuição dos rios e lagos na superfície terrestre, é agravada pelo aquecimento global e pela devastação de áreas úmidas, mas principalmente pelo desperdício e pela má gestão dos recursos hídricos, termo impróprio, já que água não é mercadoria para ser recurso. Água é um bem da natureza que está no planeta há bilhões de anos. É o ambiente onde surgiu a vida e componente de cada ser vivo. Por isso, o supremo valor da água é o biológico. Recurso hídrico é a parcela da água usada pelos seres humanos para alguma atividade,principalmente econômica. Portanto, água é um conceito muito mais amplo que recurso hídrico, embora sejam indissociáveis.
A questão é que o uso da água hoje é muito mais intenso que em algumas décadas atrás. Hoje, a média mundial é que da água doce utilizada, 70% destinam-se para agricultura, 20% para indústria e 10% para o consumo humano. Esse uso intenso da água, principalmente na agricultura e na indústria, ocorre num ritmo mais acelerado que a reposição feita pelo ciclo natural das águas. Dessa forma, muitos mananciais estão sendo eliminados pelo sobre uso que deles se faz. Pior, ao devolver a água para seu ciclo natural, ela vem contaminada pelos agrotóxicos da agricultura e pela química da indústria. A falta de saneamento ambiental, sobretudo em países pobres, colabora para a contaminação dos mananciais. A festa das Águas de Oxalá é realizada em bairros de periferia, nos quais nem sempre o acesso à água é fácil. É uma profecia espiritual que indica ao mundo que a solução para a crise da água não pode ser a mercantilização nem a privatização. Que toda a humanidade se coloque como as filhas e filhos de santo na procissão de Oxalá, carregando cada pessoa o seu recipiente de água para colocar em comum com todos. Água é direito humano universal e só quando é posta em comum pode ser fonte de vida e de bênçãos para todo ser vivo.



A CERIMONIA

Numa sexta-feira, dia da semana que no Brasil é consagrado a Oxalá, os Axés do deus são retirados do seu Peji e levados em procissão até uma pequena cabana, feita de palmas trançadas e simbolizando a viagem de Oxalufan, sua ida a prisão e seu cativeiro.
Na sexta-feira seguinte, ou seja, sete dias após, representando os sete anos de incarceração, tem lugar a cerimônia da "Água de Oxalá", águas para lavar Oxalá. Todos os que participam da cerimônia chegam de véspera, à noite. O maior silêncio é observado a partir da quinta-feira, antes de se iniciarem os preceitos desta cerimónia, das 7 horas da noite até à meia noite, todos os filhos da casa devem fazer um Bori, em muitas casas essa obrigação tem sido substituída por um obi, para poderem carregar as águas. Depois desse Bori ou obi, recolhem-se, até que são acordados, antes do nascer do Sol pela Yalorixá ou pelo Babalorixá para iniciarem o preceito das águas. Os filhos do Axé, vestidos de branco, saem em silêncio do terreiro, em procissão, carregando potes e vasilhas e moringas, Tendo a frente Babalorixá ou a Yalorixá que toca o seu adjá. Todos se dirigem para uma fonte próxima ou para um local onde possam recolher água. Antigamente os participantes, dirigiam-se para uma fonte ou Riacho, que ficava geralmente proximo as casas de santo. Hoje em dia, como muitas casas não têm fontes perto, essa obrigação é feita dentro do próprio terreiro.


Os participantes vão, antes da aurora, pegar a "Água de Oxalá", todos vestidos de branco e com a cabeça coberta com um pano igualmente branco.
Formam um longo cortejo que vai em silêncio, procedidas por uma das mais antigas mulheres dedicadas a Oxalá, que agita sem parar um pequeno sino de metal branco, chamado Adjá. Fazem três viagens até a fonte sagrada. Algum tempo depois, com as vasilhas cheias de água, aproximam-se de um lugar apropriado, todo cercado de palha, com uma oca indígena, chamado Balué, onde se colocou o assentamento do Orixá Oxalufan. Ali, todos apresentam aquelas águas ao Babalorixá ou à Yalorixá que as derrama por cima do assentamento de Oxalufan.
São feitas três viagens à fonte ou aonde está a água (no caso das casas que não possuem fontes perto), Nas duas primeiras. a água é derramada sobre os Axés de Oxalá. Esta parte do ritual é realizada como lembrança das pessoas do reino de Oyó que foram, em silêncio de vestidas de branco, buscar água para Oxalufan se lavar. Na terceira vez, a água não é derramada, ficando todas as vasilhas cheias depositada arrumadas em volta do Axé de Oxalas no Bulué, sendo colocada uma cortina branca na porta e uma esteira no chão, que corresponde ao nascer do dia,. A proibição de falar é sustada, cânticos acompanhados pelo ritmos dos tambores são entoados, e transes de possessão de produzem entre as filhas de Oxalá como testemunhos da satisfação do deus.

Cada pessoa que chega ajoelha-se sobre aquela esteira em sinal de reverência. Depois dessa cortesia, o Babalorixá ou a yalorixá, juntamente com todos os seus filhos, começa a cantar uma saudação para Oxalá (Oriki):
Babá êpa ôBabá êpa ôArá mi fo adiêÊpa ô Ará mi ko a xekê Axekê koma do dun ôÊpa Babá
Depois de cantada esta saudação, todas as pessoas pertencentes a Oxalá são manifestadas por ele e vão até ao Balué, onde está o assento de Oxalufan. Fazem ali determinadas reverências e cumprimentam todos os presentes, agradecendo o sacrifício daquele dia e rogando a Oduduá para abençoar todos.
No domingo seguinte, tem lugar uma cerimônia, exatamente uma semana depois, realiza-se uma procissão que leva os Axés de Oxalá ao seu Peji, simbolizando a volta de Oxalufan ao seu reino.O terceiro domingo, finalizando o ciclo das cerimônias, é chamado de "Pilão de Oxagiyan" e evoca as preferências gastronômicas desse personagem. Distribuições de comidas são realizadas em seu nome, a fim de festejar a volta do pai. Neste dia, uma procissão leva ao barracão pratos contendo inhame pilado e milho cozido, sem sal e sem azeite de dendê, mas com limo da Costa. Pequenas vara de Atorí, chamadas Ixans, são entregues aos Oxalás manifestados, às pessoas ligadas ao terreiro e aos visitantes importantes. Uma roda se forma, onde as pessoas passam curvados diante dos Orixás que lhes dão, na passagem, um ligeiro golpe de vara; por seu lado, os que foram assim tocados, dão e recebem, golpes de vara de assistência.Uma versão sincretizada da água de Oxalá é a lavagem do chão da basílica do Senhor do Bonfim que acontece, todos os anos, na Bahia, na quinta-feira precedente ao domingo do Bonfim. Alguns piedosos católicos tinham o hábito de lavar, zelosamente o chão da igreja. Um ato de devoção que não é particular a este templo. No Bonfim, porém, tomou um caráter diferente. Os descendentes de Africano, movidos por um sentimento de devoção, tanto ao Cristo como ao deus africano, fizeram uma aproximação entre as duas lavagens: a dos Axés de Oxalá e aquela do solo da igreja que leva o nome católico do mesmo Orixá. Os devotos aparecem em grande número a fim de participar da lavagem, na quinta-feira do Bonfim.Esta festa é, atualmente, uma das mais populares da Bahia. Neste dia, as baianas, vestidas de branco, cor de Oxalá, vêm em cortejo à Igreja do Bonfim. Trazem à cabeça potes contendo água de cheiro para lavar o chão da Igreja e flores para enfeitar o altar. São acompanhadas por uma multidão, onde sempre figuram as autoridades civis do Estado da Bahia e da Cidade de Salvador.O imenso respeito que o Grande Orixá inspira às pessoas do candomblé revela-se plenamente quando chega ao momento da dança de Oxalufan. Com esta dança, fecha-se geralmente a noite, e os outros Orixás presentes vêm cercá-lo e sustentá-lo, levantando a bainha de sua de sua roupa para evitar que ele a pise e venha a tropeçar. Oxalufan, e aqueles que os escoltam, seguem o ritmo da orquestra que interrompem a cadência em intervalos regulares, levando-os a dançar alguns passos hesitantes, no decorrer do quais o conjunto de Orixás abaixa o corpo, deixa cair os braços e a cabeça, por um breve momento, como se estivessem cansados e sem forças. Não é raro ver pessoas que, vindas como espectadoras, deixam-se tomar pelo ritmo, dançam e agitam-se em seus lugares, acompanhando o desfalecer do corpo e a retomada dos movimentos, conjuntamente com os Orixás, num afã de comunhão com o Grande Orixá, aquele que foi, em tempos remotos, o Rei dos Igbos, longe, bem longe, em Iluayé, a Terra da África.
Algumas casa fazem esta festa em final de setembro outras em janeiro

Hoje em dia uma caminhada pelas ruas de Salvador até Igreja do Senhor do Bonfim, esta grande homenagem é iniciada através de vários rituais iniciados no ano anterior e concretizados no mês de Janeiro através da lavagem das escadas da Igreja em homenagem ao Pai Òrìsà Osàlà. Não se pode esquecer que a lavagem das escadarias é um ritual criado pelo sincretismo religioso forçosamente adotado pelos escravos para ocultar seus deuses dos senhores de engenho e que oxalá nada tem a ver com Jesus Cristo sendo então duas divindades de religiões distintas.
Epaô Baba!

OXALA
É o primeiro orixá criado por Olorum (Deus Supremo). Ele também é conhecido pelos nomes de Orixalá e Obatalá. A missão específica de Oxalá foi criar o mundo. Segundo as lendas, ele é o pai de todos os Orixás. Portanto, está acima de todos na hierarquia divina.
Pesquisadores associam Oxalá ao elemento ar. Isso se deve ao fato de ele representar o céu – o princípio de tudo. Segundo a lenda, o céu, ao tocar o mar, teria criado os demais orixás que receberam a incumbência de cuida de todos os seres do planeta. No entanto, outra fonte diz que Oxalá foi casado com Yemanjá, e essa união deu origem aos orixás. Assim como outras crenças dizem que Oxalá teve filhos orixás com Nana Buruku – Iroko, Oxumarê e Obaluaiê (Conhecido como Omulu).
Oxalá é representado pela cor branca, que também é associada a tudo o que se refere a Umbanda. Para Oxalá, o branco significa a serenidade, a calma, o silêncio, indicando que ele não gosta de violência, disputas ou barulho, assim como não gosta de cores fortes. Oxalá é homenageado por todos os praticantes e cultuado como a figura do pai, demonstrando sabedoria a autoridade, mas também é sensível e tem a capacidade de demonstrar sua força, poder e conhecimentos sem usar de violência – através da argumentação.
CONHECENDO MAIS OXALA
Oxalá ou Obatala, o Orixá, o Rei da Roupa Branca ou, ainda, o Grande Orixá é o mais importante dos deuses Yorubá. Foi o rimeiro a ser criado por Olodumaré, o Deus Supremo, que lhe conferiu o poder de sugerir, Axé, e de realizar, Axé, razão pela qual é saudado com o título de Alabalaxé.Oxalá tinha um caráter bastante obstinado e independente, o que lhe causaria inúmeros problemas. Foi o encarregado, por Olodumaré, de criar o mundo e o Deus Supremo entregou-lhe, antes da partida, o saco da criação. O poder que Oxalá havia recebido não o dispensava de respeitar certas regras e de se submeter a diversas obrigações. Em razão do seu caráter altivo, ele recusou-se a fazer alguns sacrifícios e oferendas a Exu, antes de iniciar sua viagem para ir criar o mundo. Oxalá se pôs a caminho apoiado numa grande bengala de estanho, seu Opa Oxorô ou Paxorô, o bastão para fazer as cerimônias... mas isso já é uma outra História!

Homenagem a minha Mãe de Santo Elaine D'Oxala